"Ide por todo o mundo, proclamai o Evangelho a toda criatura"
(Mc 16, 15)
- lema de Ordenação do padre Eduardo
Eduardo
Pegoraro nasceu no dia 09 de janeiro de 1982, na cidade de Tapejara, RS, e foi ordenado padre da Igreja Católica Apostólica Romana no dia 19 de julho de 2009 por Dom Liro Vendelino Meurer. Foi pároco da paróquia Nossa Senhora do Rosário de Pompeia, reitor do Seminário Sagrado Coração de Jesus, em Tapera, vigário na paróquia Nossa Senhora de Fátima, Nossa Senhora da Glória e São José, em Carazinho.
Foi Diretor Espiritual e um dos maiores apoiadores deste blog de 2012 até o dia de sua morte, em 22 de maio de 2015, assassinado aos 33 anos em Tapera.
Família
Eduardo
Pegoraro, filho de pequenos agricultores do norte do Rio Grande do Sul, residentes
em Água Santa. Junto de Marindia e Maria Emília,
é um dos três filhos do casal Antônio e Neiva Pegoraro.
De origem italiana, era grande característica dele a herança do trabalho rural,
a simplicidade e humildade, mas também a sua seriedade e firmeza. Era um homem
que falava alto, dava risada típica da cultura italiana.
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Da esquerda para a direita: Seu Antônio, Dona Neiva, Marindia, Maria Emília e o padre Eduardo |
É da família que veio uma das maiores heranças que ele deixou ao povo que
conviveu com ele, e que foi destacado durante as cerimônias póstumas. A sua
especial atenção a três grandes valores: família, trabalho e oração.
Infância e Juventude
Em sua infância sempre foi uma criança
que gostava de brincar e ajudar ao pai e a mãe. Com apenas 3 anos de idade ia
da Comunidade de Vista Alegre - Tapejara (onde seu pai e sua mãe moravam) até a
Comunidade São Marcos visitar os avós e tios junto com o pai a pé. Quando o pai
lhe pedia “está cansado?” sua resposta era sempre "não".
Na
sua juventude estudava pela parte da manhã na escola em Água Santa, e a tarde
ajudava o pai na lavoura, pois na época plantavam fumo. O serviço dele era
tocar a carroça (carreta de boi) e sua maior alegria era quando ela estava bem
cheia porque era mais difícil. Nos finais de semana sempre acompanhava a
família até a comunidade para juntos celebrar o terço e a missa.
Sua vocação começou desde muito cedo, antes mesmo de
pensarmos que um dia ele fosse querer ser padre.
Na cidade vizinha, Ibiaçá – RS, acontece a Romaria
de Nossa Senhora Consoladora. Ele deveria ter entre 8 e 10 anos e foi com o pai
na romaria. Ele ganhou algumas moedas para comprar alguma coisa para ele beber
e comer, mas foi ao contrario comprou uma bíblia bem pequena que ao abrir tinha
o formato de uma sanfona e nela estava escrito a oração do pai nosso.
"...ele tinha que ajudar o pai e a mãe, descarregando
uma carroça de milho. Ele olhou para o pai e a mãe e disse assim: veio um padre
na escola hoje e convidou para ir conhecer o seminário e eu quero ir conhecer,
quero ir ver como é. A resposta do pai e a mãe foi: se você quiser ir pode ir
ele, foi para os retiros e chegou o dia de ir, de maneira muito simples e com a
ajuda dos tios e vizinhos, conseguimos montar
o seu enxoval, pois era varias coisas que precisávamos arrumar para
você, e nas suas roupas a mãe tinha que bordar o número 18. Aquele dia ficou
marcado: ele saiu com o pai para pegar o ônibus chorando e nós ficamos chorando.
Nos primeiros dias tudo que íamos fazer lembrava a ele. E foi para o Seminário
Nossa Senhora Aparecida, onde ele estudou. Cada vez gostando mais do que ele
estava aprendendo até ele se tornar um padre.
Nas férias
uma das maiores alegrias era juntar-se com os tios para tocar violão e
cantar...
Também
gostava de ir até a capela para ajudar no terço nos domingos a tarde. Após o
terço, muitas vezes deixava de jogar bola com a gurizada para pegar o seu violão cantar junto
às pessoas mais de idade, logo, logo a roda de viola estava formada”.
Irmã do pe. Eduardo.
Reitor do Seminário Sagrado Coração de
Jesus
No ano de 2011 ele recebeu uma nova missão em sua caminhada presbiteral, que mudaria a sua vida: fora chamado, por Dom Liro Meurer, então Bispo Auxiliar de Passo Fundo, a ser o novo reitor do Seminário Sagrado Coração de Jesus, em Tapera, onde se encontravam em formação os seminaristas do Ensino Médio.
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Padre Eduardo com seminaristas e funcionários do seminário |
Em janeiro de 2012 ele assumiu a missão de reitor, prosseguindo com um trabalho marcante para a história deste seminário junto aos seminaristas, funcionários e a comunidade paroquial, contudo, ainda não era o pároco de Tapera, nem mesmo estava em seus planos.
Isto porque Dom Liro havia dito que ele seria formador por um breve tempo, talvez apenas um ano. Contudo, a situação mudou e ele acabou ficando como reitor por quase três anos e meio, e como pároco de Tapera, mais tarde, somando em seu trabalho.
Durante o seu tempo como reitor ele ajudou, em especial, na comunidade Nossa Senhora de Fátima, na Vila Brasília, um bairro pobre da pequena cidade, onde seus seminaristas também faziam pastoral, auxiliando na catequese e cantos nas Santas Missas e demais eventos religiosos. Por essa razão, também, ficou conhecido seu carinho sem preconceitos e sua grande atenção aos que estavam ao seu redor. Também sua sensibilidade foi muito conhecida a partir desta realidade de pai na Vila Brasília.
Influência no blog Papo de Seminarista
Ainda assim, o blog teve caminho trilhado pelo seminarista Miguel Ângelo dos Santos Ramos, quem o propôs sendo, mais tarde, um grupo de vários membros. A contribuição do padre Eduardo, no que se refere ao apoio moral e mesmo com o incentivo de ceder momentos para que o blog fosse alimentado, ou ainda nos sugerindo estratégias, ajudando na escolha do nome e na pesquisa de conteúdos, na composição da oração oficial do blog, entre tantas outras atitudes incontáveis foram essenciais para a continuidade e crescimento do blog, hoje consolidado como um meio de comunicação de seminaristas. Seu papel foi crucial e decisivo.
Foi também por esta razão que o blog decretou luto até o dia 19 de julho de 2015, data em que seria comemorado o sexto aniversário de ordenação do padre. A foto do luto foi tirada poucos dias antes do seu quarto aniversário, em 2013, durante uma confraternização no Seminário Sagrado Coração de Jesus.
Pároco da paróquia Nossa Senhora do
Rosário de Pompéia
Em
setembro de 2014 o padre Eduardo recebeu a missão de conduzir a paróquia Nossa
Senhora do Rosário de Pompéia, em Tapera, RS. Portanto, além de ser o reitor do
Seminário Menor, ele seria agora administrador paroquial, por conta da
transferência do padre Osório Serrão, que era o pároco antes do padre Eduardo,
sendo pároco da São João Batista, em Colorado, RS.
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Padre Eduardo durante encontro com pais e catequizandos |
Foi somente no início de 2015 que o padre Eduardo foi oficializado pároco de
Tapera, função que assumiu até seu assassinato em 22 de maio de 2015.
Entre as atividades desempenhadas pelo padre Eduardo ficou marcado o seu
esforço na organização e condução das comemorações da festa da padroeira da
paróquia, que incluiu a recepção da imagem peregrina de Nossa Senhora
Aparecida, acompanhada de um missionário redentorista. Foi nesta ocasião que se
registrou uma das mais belas fotos do padre Eduardo Pegoraro, enquanto coroava
a imagem de Nossa Senhora Aparecida, por conta da dificuldade da fiel em coroar
a imagem.
Outra característica que marcou o seu curto serviço na paróquia foi a relação
com a juventude, que se sentia alegre diante de sua presença, inclusive na
preparação das missas. Sua última atividade com o CLJ, movimento presente em
Tapera, foi a preparação da missa semanal de sábado, que seria da
responsabilidade do grupo. Contudo, a preparação serviu mais de despedida e de
recordação, pois o sábado a que se referia esta missa foi o sábado de 23 de
maio, dia em que o corpo do padre foi sepultado.
Sua última atividade como pároco foi realizada no dia 22 de maio de 2015:
enquanto prestava atendimento na casa paroquial pela manhã. O padre Eduardo
Pegoraro partiu para a Casa do Pai enquanto O servia.
Assassinato
Foi por volta das nove e meia da manhã que o padre Eduardo recebeu o casal Patrícia Haunss Kolling e Jairo Paulinho Kolling, enquanto atendia à paróquia, no dia 22 de maio de 2015. Patrícia era professora de violão dos seminaristas e de várias escolas e grupos. Jairo era empresário.
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Corpo do padre sendo retirado do local |
Jairo pediu que os três conversassem a sós, e o padre os encaminhou à sua
sala de atendimentos, sendo o primeiro a entrar, seguido de Patrícia e de
Jairo, que trancou a porta e efetuou cinco disparos. Dois foram
contra o padre, um acertando seu braço direito e o outro acertou a veia
artéria. Outros dois acertaram sua esposa, um de raspão em seu rosto e outro
pelas costas, perfurando o pulmão, atravessando o corpo dela e ferindo a sua
perna. O quinto disparo ele efetuou contra si mesmo, numa frustrada intenção de
suicídio.
Jairo Kolling alegou motivos passionais, acusação logo desmentida, ao ser
constato não haver qualquer relação do tipo entre os dois. A verdadeira
motivação do crime teria sido outra, extremamente fútil e injustificável.
O padre mandou uma mensagem para Patrícia, avisando que ela não precisaria dar
aulas aos meninos na sexta-feira, dia em que dava as aulas semanais, pois
haveria apenas um seminarista para dar aula. Ela respondeu dizendo que iria
mesmo assim. O padre, então, concordou, dizendo que aguardaria. Ela se despediu,
mandando um abraço e um beijo.
Pronto. Isso foi o suficiente para Jairo Kolling achar-se no direito de
tirar a vida do padre Eduardo Pegoraro, que somava jovens 33 anos.
Investigações
Jairo foi preso em flagrante, no
dia do fato, pela Delegacia de Polícia de Tapera, e encontrava-se internado no
Hospital da cidade de Ibirubá, de onde, quando saiu, fora recolhido ao Presídio
Estadual de Espumoso.
Manifestações
Após o assassinato do padre Eduardo, muitas manifestações se espalharam,
especialmente pelas redes sociais, onde muitos manifestaram seu repúdio e
indignação pelo ocorrido. Ainda assim, nada superava a tristeza da perda,
tivesse sido ela da forma como fosse.
Contudo, passando-se os dias e descobrindo-se mais sobre o que realmente
aconteceu naquela sala, as pessoas começaram a sentir uma grande revolta, e foi
com base nisso que muitas delas manifestaram a sua perplexidade diante de
tamanha crueldade e frieza estúpidas.
Caminhada pela paz


Mais de 1000 pessoas participaram da marcante caminhada, deixando lotadas
as ruas que saíam do Seminário Sagrado Coração de Jesus e iam até em frente à Igreja
Matriz, que também foi preenchida por um mar de pessoas. Entre estas pessoas
estavam os moradores da pequena cidade, escolas, paroquianos, seminaristas de
Tapera e do Seminário Maior, e até mesmo pessoas de outras cidades, como Água
Santa e Carazinho, onde a presença do padre Eduardo foi também muito marcante.
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O texto foio compilado com ajuda de amigos e familiares do padre Eduardo e ainda está em processo de construção.
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