Carta aberta dos colegas do Seminário Nossa Senhora
Aparecida e irmãos no ministério ordenado do querido amigo/irmão Pe. Eduardo
Pegoraro
A vida é repleta de surpresas. Algumas são boas e nos
enchem de alegria. Outras surpresas são ruins, provocam sofrimento, dor e
morte. O próprio Senhor Jesus nos pediu: “estejam atentos e vigiai, pois não
sabeis o dia nem a hora”. É Jesus quem pede para estarmos preparados para as
surpresas da vida.
E a nossa
Arquidiocese de Passo Fundo, seus bispos, presbíteros, seminaristas, a vida
religiosa e consagrada, a família Pegoraro, comunidade de Tapera, fomos
duramente atingidos por uma surpresa, uma surpresa ruim, um assassinato. No dia
22 de maio de 2015, nossas vidas mudaram para sempre. Recebemos a triste
noticia de que o Pe Eduardo Pegoraro havia sido assassinado em seu escritório.
Em um primeiro momento parecia mentira, depois, vem a triste confirmação: sim,
o Pe Eduardo foi assassinado. Um crime que, segundo o laudo da polícia foi
premeditado, qualificado, e que teve este triste desfecho.
Toda a forma de
violência e agressão é repudiada por Deus e não faz parte do projeto do Reino,
que é de vida em abundância para todos (Jo 10,10). Já no Antigo Testamento, com
Caim e Abel, a violência e a morte foram rejeitadas por Deus, pois Ele é o Deus
da vida e não da morte. Também nós, continuadores do projeto do Reino de Deus,
manifestamos publicamente nosso profundo sentimento com relação ao acontecido
em Tapera. Nada justifica a morte! Nada justifica a violência!
No ano em que
nossa Arquidiocese vive o cuidado com a vida, a Igreja tem dedicado todos os
seus esforços na ação evangelizadora para recuperar a cultura do cuidado com a
vida em todas as suas dimensões, uma situação limite como esta não pode passar
despercebida. É profundamente lamentável que a vida do Pe. Eduardo tenha sido
interrompida desta forma. Um jovem presbítero, cheio de alegria e entusiasmo
pela pastoral, que estava colocando em prática o seu lema presbiteral: “pregar
o Evangelho a toda a criatura”.
Queremos
manifestar também a nossa triste surpresa em relação aos comentários, notas,
publicações e outros que circularam pelos meios de comunicação social e rede de
relacionamento, que feriram a integridade da pessoa do Pe Eduardo. Além da dor
de termos que sepultar um irmão assassinado, temos que conviver com essa triste
realidade, carregada de mentiras e falso testemunho. E reafirmamos, com todas
as letras que nada justifica o assassinato, nada justifica a violência.
Que a morte
deste filho-irmão-amigo-padre não seja esquecida, assim como a morte cotidiana
de tantos que precisamos sepultar, vitimas da violência, do trânsito, dos
vícios, das consequências e inconsequências da realidade. Sejamos capazes de
superar esta postura relativista diante da morte e de tantos assassinatos que
acontecem diariamente em nossas comunidades.
Por fim, com
esta nota, expressamos nossa solidariedade a família do Pe. Eduardo, sua
comunidade São Marcos – Água Santa, a Paróquia Nossa Senhora do Rosário de
Pompéia – Tapera, aos seminaristas, a vida religiosa, e de modo todo especial
aos padres de nossa Arquidiocese. Como diz nosso querido Papa Francisco: “não
deixem que vos roubem a esperança”, mesmo diante de uma situação tão delicada,
que expôs a todos os padres, não permitamos que a esperança seja roubada de
nossas vidas. Sigamos unidos, cuidando e defendendo a vida, para que a vida
seja em abundância para todos.
Passo Fundo, 22 de junho de 2015.
Nenhum comentário:
Postar um comentário