Em evidente estado de mágoa, o padre Dalci Debastiani, pároco na cidade de Gentil, RS, nos escreve um texto que exprime, de certa forma, o sentimento de indignação de muitos que foram tocados pelo assassinato do padre Eduardo Pegoraro.
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No
último dia 22 de Junho foi lembrado o Trigésimo dia do assassinato do Pe.
Eduardo Pegoraro em Tapera. Ainda abalada e comovida a comunidade e região
realizou uma grande manifestação em favor da Paz e repudiou a violência que
vitimou o padre Eduardo e que vitima 154 pessoas por dia no Brasil. De cada 100
homicídios, que ocorrem no mundo 13 acontecem em nosso país. Vivemos em estado permanente
de guerra silenciosa. E o pior é que nós até acabamos nos acostumando com essa
banalização da vida. A violência é fruto das injustiças, da intolerância, da
idolatria que a sociedade faz do dinheiro, do consumo e do prazer tornando a
vida descartável. Infelizmente nossa cultura respira mais a morte do que a
vida. Ao Padre Eduardo e a cada irmão que tomba pela causa do Reino de Deus
cabe o conteúdo da canção do Pe. Zezinho “mataram mais um irmão, mas ele
ressuscitará. O povo não esquecerá”. Isso nos envergonha! Que seres “humanos”
somos? Em cada irmão que tomba Deus fala aos Cains de hoje: “Ouço o sangue do
seu irmão, clamando da terra para mim”. (Gênesis 4, 10). “... e vocês sabem que
nenhum assassino tem dentro de si a vida eterna”. (Primeira carta de João
3:15”. Um psicopata como o que declarou a pena de morte ao Pe. Eduardo tem
recuperação? Existe um seguimento da neurociência o qual afirma que psicopata
não se recupera. Em liberdade, uma pessoa dessas representa um constante perigo
a todos. Porque ele não pode se desequilibrar emocionalmente que mata. Um caso
desses necessitaria, ao menos, a prisão perpétua e o reparo aos danos causados
à sociedade. Você não acha? Claro, a vingança do cristão é o perdão, mas
durante a manifestação o clamor por justiça foi muito grande. Sabemos que da
justiça no Brasil não podemos esperar muito. Porém, da justiça divina ninguém
se escapa. Aliás, não sei se me enganei, na manifestação não percebi a presença
de representantes da Comissão dos Direitos Humanos prestando sua solidariedade,
ao menos aos familiares do Pe. Eduardo. Ou já teriam visitado a família? Pe.
Eduardo morreu mártir da vida. “Vida eu te quero, vida és Tu, meu Deus”.
Dalci
Debastiani
Padre
e Jornalista
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