O
cônego Bento, era uma pessoa alegre, dedicada aos alunos do colégio e à granja
do seminário, no tempo que lhe restava.
Essa sempre tinha uma produção acima da
média das granjas da região. Mesmo sendo padre, com a missão de formar alunos seminaristas,
e ajudar na comunidade paroquial de Tapera, ele se dedicava à criação e à
plantação. Não é necessário dizer de sua competência nesse campo, pois os
resultados de seu trabalho podiam ser medidos, com facilidade, na boa colheita
anual.
Tudo isso causava inveja nos produtores
da região, que se julgavam mais competentes que o simples padre do seminário.
Às vezes, era até provocado ironicamente, mas ele sabia permanecer calado, na
hora certa.
Havia, por parte da Cooperativa
Agrícola, muitos incentivos à agricultura. Eram promoções diversas, visando ao
aumento da produtividade. Cônego Bento participava de tudo. Não faltava às
assembleias dos sócios e se deixava aconselhar por técnicos competentes.
Num destes encontros, cônego Bento foi
distinguido com o reconhecimento de “Granja Modelo” do município. Ora, isso
somente causaria mais inveja por parte de quem não podia entender essa
concorrência.
Depois de expostos todos os motivos da
escolha, ressaltando a adubação correta, com a análise do solo, a rotação das
culturas, o uso do calcário, o plantio direto, um gaiato, pensando ter
descoberto a verdadeira causa de todo esse sucesso, e que não fora listado no
documento oficial, assim interveio: “Para mim, a causa deste título, é que ele
tem sociedade com Deus”.
Ao que o cônego Bento, sabendo que Deus
confiou ao homem a transformação deste mundo, numa observação que deixou a
todos pensativos, respondeu prontamente: “Vocês deveriam ter visto a lavoura
antes, quando era só dele!”
(BARTH, Adalíbio – Histórias de Amor e Vida.
Erechim-RS, Gráfica e Editora São Cristóvão, 2011)
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