sábado, 11 de maio de 2013

O DESPERTAR DA CONSCIÊNCIA




Muito se divertia o cônego Bento com os apuros em que se encontrou um paroquiano seu, por causa de uma celebração de missa no interior. Nos almoços em que participara na casa dele, sempre jurava estar servindo “vinho puro”. E assim foi.
         Certa vez, todavia, ao chegar a uma celebração da missa da comunidade, por um descuido desses que acontece raramente, cônego Bento se esqueceu do vinho de missa.
         - Não tem problema! É só ir na casa do “Bepi”, que ele fornece vinho puro para a missa.  – recomendou o sacristão, pronto para resolver a situação.
         Enquanto alguns se dirigiam à casa dele, o celebrante ficou esperando conversando com algumas pessoas, e assim o tempo foi passando. Daí a pouco, alguém chamou:
         -Cônego Bento, tem gente que quer falar com o senhor em particular! – veio avisar-lhe uma paroquiana, preocupada com o “Bepi”, que viera junto com os que firam buscar o vinho, esperando aflito num canto.
         Mais tarde, o cochicho particular, que não era nenhum segredo de confissão, foi revelado.
         - Com Deus não se brinca! O vinho já foi batizado! – confidenciara-lhe “Bepi”, preocupado que rezassem a missa com seu “vinho puro” adulterado.

(BARTH, Adalíbio – Histórias de Amor e Vida.
Erechim-RS, Gráfica e Editora São Cristóvão, 2011)

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