Em entrevista concedida ao jornal italiano Corriere della Sera, o papa Francisco afirmou que ninguém tem feito mais do que a Igreja Católica na luta contra a pedofilia. "Talvez seja a Igreja a única instituição pública que atua com transparência e responsabilidade", afirmou o pontífice, para quem, contudo, a Igreja é a “única atacada”.
Questionado pelo sobre o balanço de seu primeiro ano de pontificado, Francisco afirmou que "as estatísticas sobre o fenômeno da violência contra as crianças são impressionantes, mas também mostram com clareza que a grande maioria dos abusos ocorre em um ambiente familiar e de vizinhança".
E prosseguiu: "Os casos de abusos são tremendos porque deixam feridas muito profundas. Bento XVI foi muito corajoso e abriu um caminho. A Igreja, neste caminho, tem feito muito. Talvez mais que qualquer outro", disse. "A Igreja Católica talvez seja a única instituição pública que se movimenta com transparência e responsabilidade. Ninguém tem feito mais. E, no entanto, a Igreja é a única atacada", completou.
O Comitê de Direitos das Crianças das Nações Unidas divulgou no mês passado um relatório muito crítico sobre a atitude do Vaticano no combate aos abusos sexuais contra menores de idade – e pede que a Igreja afaste imediatamente de seus cargos todos os membros do clero e funcionários que tenham abusado sexualmente de crianças e os denunciem às autoridades para que sejam investigados e processados. No documento, o comitê da ONU ainda critica duramente o Vaticano por adotar políticas que permitiram que padres estuprassem e molestassem "dezenas de milhares" de crianças e pediu a abertura de arquivos sobre pedófilos e clérigos que ocultaram seus crimes.
Francisco anunciou a criação de uma comissão de especialistas para a proteção das crianças em todas as instituições da Igreja. A Santa Sé é signatária da Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos da Criança, um instrumento juridicamente vinculativo que visa proteger uma das populações mais vulneráveis na sociedade. O Vaticano ratificou a convenção em 1990, mas entre 1994 e 2012, a Santa Sé ficou sem editar relatórios sobre o cumprimento das diretrizes. O período de silêncio coincidiu com a temporada de revelações de casos de abuso de menores por membros da Igreja Católica e intensas críticas da sociedade sobre a postura do Vaticano em relação às denúncias.
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