terça-feira, 30 de junho de 2015

Da família Pegoraro

Nesta manhã uma das irmãs do padre Eduardo Pegoraro, Marindia Pegoraro, nos enviou algumas fotos dele, para homenagem, recordando alguns momentos deste grande padre. Confira as fotos enviadas por ela:

Cinquenta anos de casamento de Osvaldo e Dilva Maschio

Trigésimo terceiro aniversário do padre Eduardo Pegoraro, comemorado no Seminário Sagrado Coração de Jesus, no dia 09 de janeiro de 2015. 
Na foto com o amigo e ex-colega de seminário Ronaldo Fantinell.

sexta-feira, 26 de junho de 2015

Mataram mais um irmão

Em evidente estado de mágoa, o padre Dalci Debastiani, pároco na cidade de Gentil, RS, nos escreve um texto que exprime, de certa forma, o sentimento de indignação de muitos que foram tocados pelo assassinato do padre Eduardo Pegoraro. 
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No último dia 22 de Junho foi lembrado o Trigésimo dia do assassinato do Pe. Eduardo Pegoraro em Tapera. Ainda abalada e comovida a comunidade e região realizou uma grande manifestação em favor da Paz e repudiou a violência que vitimou o padre Eduardo e que vitima 154 pessoas por dia no Brasil. De cada 100 homicídios, que ocorrem no mundo 13 acontecem em nosso país. Vivemos em estado permanente de guerra silenciosa. E o pior é que nós até acabamos nos acostumando com essa banalização da vida. A violência é fruto das injustiças, da intolerância, da idolatria que a sociedade faz do dinheiro, do consumo e do prazer tornando a vida descartável. Infelizmente nossa cultura respira mais a morte do que a vida. Ao Padre Eduardo e a cada irmão que tomba pela causa do Reino de Deus cabe o conteúdo da canção do Pe. Zezinho “mataram mais um irmão, mas ele ressuscitará. O povo não esquecerá”. Isso nos envergonha! Que seres “humanos” somos? Em cada irmão que tomba Deus fala aos Cains de hoje: “Ouço o sangue do seu irmão, clamando da terra para mim”. (Gênesis 4, 10). “... e vocês sabem que nenhum assassino tem dentro de si a vida eterna”. (Primeira carta de João 3:15”. Um psicopata como o que declarou a pena de morte ao Pe. Eduardo tem recuperação? Existe um seguimento da neurociência o qual afirma que psicopata não se recupera. Em liberdade, uma pessoa dessas representa um constante perigo a todos. Porque ele não pode se desequilibrar emocionalmente que mata. Um caso desses necessitaria, ao menos, a prisão perpétua e o reparo aos danos causados à sociedade. Você não acha? Claro, a vingança do cristão é o perdão, mas durante a manifestação o clamor por justiça foi muito grande. Sabemos que da justiça no Brasil não podemos esperar muito. Porém, da justiça divina ninguém se escapa. Aliás, não sei se me enganei, na manifestação não percebi a presença de representantes da Comissão dos Direitos Humanos prestando sua solidariedade, ao menos aos familiares do Pe. Eduardo. Ou já teriam visitado a família? Pe. Eduardo morreu mártir da vida. “Vida eu te quero, vida és Tu, meu Deus”.
Dalci Debastiani

Padre e Jornalista

Escute aí!!!

Galera!
   Das 13:00h às 14:00h os seminaristas Anderson Munari, Miguel Ângelo e Saulo Tonini participarão do programa "Gente que pensa e que faz", da rádio Planalto AM, falando sobre o nosso blog e sobre as homenagens ao nosso querido padre Eduardo Pegoraro. Então sintonize o seu rádio na Rádio Planalto AM 730khz!
 

MENSAGEM DA EEEM DIONÍSIO LOTHÁRIO CHASSOT CAMINHADA PELA PAZ – HOMENAGEM AO PADRE EDUARDO

Alunos da escola com faixa pedindo pela paz
Esta homenagem vem da Escola Dionísio Lothário Chassot, de Tapera, onde, por muito tempo, estudaram os seminaristas da nossa Arquidiocese.
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A Escola Dionísio Lothário Chassot se faz presente nesta manifestação pela paz com seus alunos, professores funcionários e pais por acreditar e difundir a ideia de que “A PAZ ESTÁ EM NOSSAS MÃOS”. Esse projeto desenvolvido junto aos alunos tem presente que o melhor meio de transmitir a paz é através de nossas atitudes de respeito, consideração e valorização de todas as pessoas. Nesse momento em que recordamos o Padre Eduardo e seu belo trabalho em nossa comunidade, voltamos o pensamento nas suas palavras na última noite da novena de maio passado, quando incentivou o cultivo de relações fraternas e harmoniosas entre todos. Que em honra à sua memória possamos concretizar cada vez mais em toda a nossa comunidade- a paz. Que ela seja vivida nas famílias, nas turmas da escola e de amigos, de maneira que todos possamos dar mais sentido à vida e à fé que nos une como irmão diante de Deus. Não poderemos jamais esquecer que aqui em Tapera um Padre foi assassinado! Não se pode tirar a vida de um aluno, nem de professor, nem de um filho, nem de qualquer pai, de ninguém, pois cada um é um Projeto de Deus, quanto mais de um enviado de Deus como o Padre que acompanha e celebra a fé de sua comunidade. Temos de nos indignar para que não se banalize a vida. Que não se repita com ninguém nenhum ato de violência! O padre em suas últimas mensagens também expressou três ideias significativas que devemos levar em nossa vida: a necessidade que os seres humanos tem de dar sentido à sua existência, de encontrar tempo para a vida em família e os amigos e celebrar a sua vida em oração. Sigamos o belo exemplo e as orientações do Pe. Eduardo.

quinta-feira, 25 de junho de 2015

De um casal amigo

A homenagem que segue foi enviada pelo casal de Casca, Edinei e Silvana.

Eterno Amigo Pe.Eduardo
   São muitas lembranças que marcaram a nossa vida .. e uma delas você estava presente, tivemos a honra de termos vc celebrando o nosso matrimônio, nos abençoando para seguirmos o nosso caminho; Cada palavra dita naquele dia, está se concretizando e nunca serão esquecidas ....
   Sempre será lembrado .... Descanse em Paz ...
 Forte Abraço

Edinei e Silvana

  
  

Carta aberta

Carta aberta dos colegas do Seminário Nossa Senhora Aparecida e irmãos no ministério ordenado do querido amigo/irmão Pe. Eduardo Pegoraro
A vida é repleta de surpresas. Algumas são boas e nos enchem de alegria. Outras surpresas são ruins, provocam sofrimento, dor e morte. O próprio Senhor Jesus nos pediu: “estejam atentos e vigiai, pois não sabeis o dia nem a hora”. É Jesus quem pede para estarmos preparados para as surpresas da vida.

     E a nossa Arquidiocese de Passo Fundo, seus bispos, presbíteros, seminaristas, a vida religiosa e consagrada, a família Pegoraro, comunidade de Tapera, fomos duramente atingidos por uma surpresa, uma surpresa ruim, um assassinato. No dia 22 de maio de 2015, nossas vidas mudaram para sempre. Recebemos a triste noticia de que o Pe Eduardo Pegoraro havia sido assassinado em seu escritório. Em um primeiro momento parecia mentira, depois, vem a triste confirmação: sim, o Pe Eduardo foi assassinado. Um crime que, segundo o laudo da polícia foi premeditado, qualificado, e que teve este triste desfecho.
     Toda a forma de violência e agressão é repudiada por Deus e não faz parte do projeto do Reino, que é de vida em abundância para todos (Jo 10,10). Já no Antigo Testamento, com Caim e Abel, a violência e a morte foram rejeitadas por Deus, pois Ele é o Deus da vida e não da morte. Também nós, continuadores do projeto do Reino de Deus, manifestamos publicamente nosso profundo sentimento com relação ao acontecido em Tapera. Nada justifica a morte! Nada justifica a violência!

     No ano em que nossa Arquidiocese vive o cuidado com a vida, a Igreja tem dedicado todos os seus esforços na ação evangelizadora para recuperar a cultura do cuidado com a vida em todas as suas dimensões, uma situação limite como esta não pode passar despercebida. É profundamente lamentável que a vida do Pe. Eduardo tenha sido interrompida desta forma. Um jovem presbítero, cheio de alegria e entusiasmo pela pastoral, que estava colocando em prática o seu lema presbiteral: “pregar o Evangelho a toda a criatura”.
   Queremos manifestar também a nossa triste surpresa em relação aos comentários, notas, publicações e outros que circularam pelos meios de comunicação social e rede de relacionamento, que feriram a integridade da pessoa do Pe Eduardo. Além da dor de termos que sepultar um irmão assassinado, temos que conviver com essa triste realidade, carregada de mentiras e falso testemunho. E reafirmamos, com todas as letras que nada justifica o assassinato, nada justifica a violência.
     Que a morte deste filho-irmão-amigo-padre não seja esquecida, assim como a morte cotidiana de tantos que precisamos sepultar, vitimas da violência, do trânsito, dos vícios, das consequências e inconsequências da realidade. Sejamos capazes de superar esta postura relativista diante da morte e de tantos assassinatos que acontecem diariamente em nossas comunidades.
    Por fim, com esta nota, expressamos nossa solidariedade a família do Pe. Eduardo, sua comunidade São Marcos – Água Santa, a Paróquia Nossa Senhora do Rosário de Pompéia – Tapera, aos seminaristas, a vida religiosa, e de modo todo especial aos padres de nossa Arquidiocese. Como diz nosso querido Papa Francisco: “não deixem que vos roubem a esperança”, mesmo diante de uma situação tão delicada, que expôs a todos os padres, não permitamos que a esperança seja roubada de nossas vidas. Sigamos unidos, cuidando e defendendo a vida, para que a vida seja em abundância para todos.

Passo Fundo, 22 de junho de 2015.

quarta-feira, 24 de junho de 2015

Homenagem de Angelica Dahmer

A paroquiana de Tapera, Angelica Dahmer mandou a primeira homenagem para o padre Eduardo do Mutirão de Homenagens. Confira:

Vinte e dois de maio de dois mil e quinze, tinha tudo para ser simplesmente uma sexta-feira. Inicia-se o dia, assim como todos os outros, um café, depois partir para o trabalho. Depois de algum tempo trabalhando, ouço gritos, um movimento estranho, estava perto, mas não conseguia entender o que estava acontecendo, via muitas pessoas correndo, mas nada me explicava até então o telefone tocar e a notícia de que você teria sido morto, começo a tremer, apesar de estar vendo que havia algo errado acontecendo, eu não queria, eu não acreditava, há pouco tempo atrás eu tinha visto você chegando à casa paroquial, vieram muitas perguntas, dúvidas: Como? Por quê? Quem? De que jeito?
      Aos poucos, vendo aquele tumulto, mesmo sem querer acreditar, fui percebendo que tudo era real, as lágrimas foram caindo, e então chega a hora de vir pra casa quando encontro o pai, com lágrimas escorrendo pelo rosto, na frente da casa paroquial, lugar este o qual vocês sempre se encontravam para sair realizar algum de seus trabalhos juntos, lugar em que vocês conversavam, lugar este no qual vocês construíram uma grande relação de amizade.
      O dia foi péssimo, a tarde voltar a trabalhar, passar onde tudo aconteceu. A tarde não passava, em minha cabeça passava um filme dos momentos que tivemos juntos, a missa que você rezou aqui em casa, a qual deixou o pai muito feliz, seu sorriso, seu abraço de quando nos esbarrava por ai, as missas que você sempre esperava a todos na porta da igreja com um sorriso e um abraço, as vezes que você passava na frente da loja e abanava, sempre  sorrindo. Pensava como seriam os próximos dias, nos quais não nos veríamos mais. E a noite foi a pior, entrar na igreja para te receber de um jeito que nós não queríamos. É Eduardo, muitas vezes você nos esperou, nos recebeu na casa do Pai com seu sorriso, mas infelizmente amigo, nós não podemos te receber nesta casa, neste dia do mesmo jeito que você nos recebia, pois a tristeza e a dor da perda tomava conta de nós.
      Te ver daquele jeito doeu, não foi nada fácil, ver teus familiares sofrendo, assim como nós né, pois você sabe, você foi além de um padre, você foi um amigo, um irmão e para o pai até um filho, pois eu sei o quanto ele  te admirava, o quanto ele gostava de você. Quantas vezes ele deixava de fazer alguma coisa aqui em casa ou com nós, pois tinha combinado com o Padre Eduardo de fazer alguma coisa.
      Eduardo, conhecendo teus familiares, teus pais, irmãs, tias, tios, primos entendemos de onde vinha a tua pessoa, tua simplicidade, tua sinceridade, teu carinho por todos sem se importar com quem fosse, como fosse. Você resumia sua família, são todos pessoas queridas como você, foi muito bom conhecê-los, mas não precisava ter sido do jeito que foi.
      É amigo, já se passaram 30 dias que você se foi, e olha ta difícil, às vezes parece uma mentira, não há um dia em que você não é lembrado, a saudade está apertando, muitas lágrimas escorrem pelo rosto, nada fácil entrar na casa do Pai e não te ver lá. E a nossa janta/almoço que ficamos adiando, às vezes porque você tinha compromissos, às vezes nós, é, essa você ficou nos devendo.
      Eduardo, “Dudi”, hoje queremos te agradecer pela pessoa que você foi, pelas palavras de carinho, incentivo, pelos momentos que nos fizeste rir, pelos sorrisos que nos proporcionastes muitas vezes. E queremos te pedir desculpas se em algum momento deixamos a desejar, pois em meio a correria do dia-a-dia, muitas vezes passávamos e dávamos simplesmente um “oi” , pela janta que infelizmente acabou não saindo, por acreditar que faríamos amanhã, que haveria outro dia, é hoje mais do que nunca sabemos de que nada se deixa para amanhã, pois este poderá não mais existir.

      Dudi você sempre me chamava de meu anjo, agora você é o meu anjo, o nosso anjo fica bem aí tá, e cuida de nós aqui, de teus familiares, teus colegas de muita força para todos; a gente precisa muito de você, ainda. E pra você vai ai um abraço bem apertado de teus eternos amigos Luiz Paulo, Leonides, Angélica. Saudades eternas.

terça-feira, 23 de junho de 2015

Projeto "Mutirão de Homenagens"

O nosso blog está pedindo ajuda a todo mundo, para podermos fazer uma grande homenagem ao padre Eduardo Pegoraro. Funciona da seguinte maneira: faça a sua homenagem ao padre Eduardo e envie para o nosso blog, através do e-mail oseminaristasscj@gmail.com.
   Todos que enviarem terão sua homenagem publicada em nosso blog. As homenagens podem ser da forma que quiser (fotos, textos, vídeos, gravações...), feitas por quem for, com qualquer idade. Basta enviar-nos a homenagem e será publicada. O prazo vai até o dia 15 de julho. No dia 19 de julho, em uma homenagem ao 6º aniversário de ordenação do padre Eduardo, publicaremos um vídeo com a foto de cada um que enviar a sua homenagem ao padre porque todos foram tocados pelo Eduardo padre!
   Fazemos isso em sinal de amizade e apoio à família Pegoraro, infinita e incompreensivelmente dolorida, perplexa e ferida. Ajudem-nos a fazer esta boa ação!!!
   Lembre-se de enviar junto de sua homenagem uma foto sua, seu nome e cidade. Somos, desde já, muito gratos!!!

segunda-feira, 22 de junho de 2015

Mensagem da família Pegoraro

 Publicamos aqui, no nosso blog, uma mensagem recebida por Pati Vasconcelos, da família Pegoraro. Trata-se dos pais e irmãs do sacerdote, nosso querido padre Eduardo, assassinado no dia 22 de maio deste ano:


Mensagem RECEBIDA, escrita pelos pais do Padre EDUARDO PEGORARO, dona Neiva e Seu Antônio Pegoraro.
Pe Eduardo,
   Já faz um mês que partistes injustamente sem saber o que estava acontecendo, como sempre conselheiro e prestativo concordaste em uma conversa reservada, indo na frente, onde uma pessoa traiçoeira e mal intencionada, com tudo planejado em seu pensamento, tirou a sua vida, mas nós que te conhecíamos e sabíamos como tu eras temos certeza da tua inocência.
   Tivemos manifestações de todo o povo que te conhecia falando das sementes que estavas semeando, de seu jeito simples de cativar as pessoas, das visitas que realizava as pessoas não se importando quem fosse, quem necessitava, você estava lá dando uma palavra de conforto, um aperto de mão, um abraço. Às vezes nem precisava falar era só chegar até elas e elas já se sentiam confortadas.
   A saudade é grande e a cada dia se torna maior, pois não estamos mais juntos, sua voz não é mais ouvida , mas onde você estiver é uma luz a nos confortar.
   Seu túmulo está ganhando visita de todos os lados, pessoas que vem de vários lugares que nunca imaginávamos, eras um semeador de paz e exemplo de fé um cativador de pessoas, não se importava com cor, raça ou religião, sempre dizias assim “estamos trabalhando pelo mesmo Deus”.
   “Muitas sementes por você foram plantadas e muitos frutos, por nós ainda serão colhidos”.

NOTA DE REPÚDIO

Através deste texto queremos expor-vos um sentimento que vem preenchendo os corações daqueles que fazem este blog acontecer e dos que já passaram por ele, os seminaristas, alguns já ex seminaristas, padres, colegas da escola. Trata-se do total e mais absoluto repúdio à violência.
   Como membros de um blog que tem a intenção de divulgar a nossa caminhada vocacional, enquanto seminaristas, portanto, enquanto comunidade, tivemos um dos maiores choques de nossas vidas e, sem dúvida, o maior golpe contra o nosso blog, assim também contra as nossas vocações.
   Com o assassinato do padre Eduardo Pegoraro, de apenas 33 anos, sentimo-nos completamente perdidos e desolados. Mas a violência que gerou esta morte, somada à futilidade deste crime nos deixou ainda mais desnorteados. Não trilhamos um caminho vocacional esperando ser mortos por ciúme desmotivado, ainda que o fosse. Não admiramos um sacerdote de fibra e de HONRA simplesmente por admirar, mas porque queremos que algumas das qualidades desta pessoa sejam vistas espelhadas em nós.
   Assim, nos resta o exemplo do padre Eduardo, grande pai, grande amigo, grande homem. Honrou seus compromissos e suas atitudes que, eternizadas pelo caráter nobre, perpetuarão a certeza de que este homem deu um exemplo a ser admirado e seguido. Por esta razão torna-se inaceitável que tenhamos de nos despedir tão dolorosamente deste discípulo de Jesus Cristo. Torna-se quase inconcebível a ideia de que a maldade pôde chegar próxima a ele a ponto de tirar-lhe a vida na terra.
   Ainda assim, sabemos, por nosso caráter cristão católico, que o padre Eduardo encontra recompensa junto do Pai Celeste por seus serviços prestados com generosidade e disposição, fé e fidelidade a Igreja, aqui entre nós, os seus irmãos e filhos.
    A nossa missão, neste momento em que sentimo-nos profundamente enlutados e desgostosos, é mostrar o nosso TOTAL E ABSOLUTO REPÚDIO a qualquer forma de violência, de menosprezo, de ofensa ou de desvalorização do ser humano, enfim, qualquer forma de maldade. Somos todos filhos do Deus que concede a Vida, sendo somente Ele revestido de poder e autoridade para tirá-la, cabendo-nos respeitar a Sua Vontade.
   Repudiamos, também, qualquer ato de maldade dirigido à imagem do nosso querido Padre, a sua família que honrosamente teve peito e coragem de entregar seu filho à missão, e aos padres, seminaristas e vocacionados. NADA justifica tirar a vida de alguém, especialmente quando este alguém é o que dá o belo exemplo. Tanto o deu que deu a sua vida pelos irmãos.
   Queridos amigos, pedimos que entrem em sintonia conosco e rezem. Rezem pela alma de nosso Padre. Rezem pela família, amigos e todos os que foram tocados por ele. Rezem por Patrícia Haunss K. e seus familiares. Rezem pela conversão e pelo perdão de Jairo Kolling. O repúdio à violência e à maldade começa assim: quando mostramos que sabemos amar. Amemo-nos, afinal... somos todos da mesma família!

Passo Fundo, RS, 22 de junho de 2015


Nota de solidariedade e esclarecimento dos bispos e clero da Arquidiocese de Passo Fundo

“O ladrão só vem para roubar, matar e destruir. Eu vim para que todos tenham vida e a tenham em abundância”. (Jo10, 9-10)
Jesus, que veio do céu, do coração de Deus Pai, é o Bom Pastor que caminha conosco para que tudo e todos tenham vida em abundância. Já no seu tempo o ladrão se caracterizava como aquele que roubava, matava e destruía.
Em nossos dias, após iniciarmos uma caminhada firme no cuidado com a vida em toda a Arquidiocese, somos assaltados pelo ladrão que rouba, mata e destrói a vida do jovem padre Eduardo Pegoraro. Este fato atingiu aos irmãos no sacerdócio, familiares, seminaristas e a toda a comunidade Nossa Senhora da Pompéia, de Tapera.
Nós, bispos, sacerdotes e seminaristas, queremos manifestar nossa indignação contra a injustiça, a violência crescente contra mulheres, jovens e crianças, que são eliminados do nosso meio porque a idolatria do dinheiro, do consumo e do prazer colocam a vida humana na esfera do descartável. Criamos uma cultura que considera isto normal e onde cada pessoa acaba encontrando as soluções que lhe convém.
Sentimo-nos também profundamente feridos por causa dos comentários maldosos publicados em alguns veículos de comunicação e redes sociais, criminalizando o jovem padre Eduardo, sem saberem sequer o que de fato aconteceu por ocasião de seu assassinato. Esta atitude feriu a família presbiteral, pois procuramos ser abnegados e humildemente doamos nossa vida, a exemplo de Jesus, para que todos tenham vida em abundância.
Para nós, a morte do padre Eduardo Pegoraro, seu sangue derramado, é uma semente plantada em Tapera. Ela germinará e se tornará uma árvore frondosa, que abrigará todas as pessoas de boa vontade para darmos um basta a esta violência, à destruição da natureza e da vida humana. Unidos, geremos uma sociedade onde a vida tenha um valor sagrado e expulsamos o ladrão que hoje a destrói e mata.
Neste ano, quando em todas as paróquias estamos refletindo sobre o cuidado com a vida, vamos continuar a testemunhar nosso esforço, rezando e agindo em favor da vida de todos, especialmente os mais ameaçados em seu dia-a-dia.
“Vida eu te quero, vida és Tu, Senhor!”

Bispos e padres da Arquidiocese de Passo Fundo, 20 de junho de 2015

sexta-feira, 19 de junho de 2015

Marcas que nos deixou o pe. Eduardo Pegoraro

|Por Anderson Munari e Miguel Ângelo dos Santos Ramos

Os seminaristas Anderson Munari e Miguel Ângelo dos Santos Ramos preparam um material que recorda alguns dos grandes sinais que nos deixou o padre Eduardo Pegoraro. Este material ficou exposto no mural do Seminário Nossa Senhora Aparecida, onde o padre morou por seis anos, de 25 de maio até esta quinta-feira, 18 de junho, quando foi retirado e guardado. A sua herança como pai, em parte, está aqui:

1 Alegria em viver, em ser sacerdote, em ser vocacionado;
2 Responsabilidade com os seus compromissos, algo que também sabia cobrar;
3 O amor imenso que surpreendia e abrangia a todos, sem preconceitos;
4 Acolhida feita a todos que chegavam a ele;
5 Atenção às necessidades do seminário, da paróquia, das pessoas, enfim;
6 Sensibilidade ao próximo, sabendo o momento que cada um vivia, dizendo as palavras certas, do jeito certo para cada um;
7 Simplicidade que refletia a sua humildade;
8 Sua dinamicidade que fazia acontecer o que fosse necessário, na hora que fosse;
9 Um homem motivador, seja das vocações sacerdotais, seja das tantas outras vocações, projetos, enfim;
10 Era um homem de grande oração, demonstrando isso para aqueles com quem convivia, levando isso muito a sério;
11 Homem com enorme coragem, que demonstrava a todos, através de suas iniciativas de fazer acontecer o que era preciso, houvesse o que houvesse.
12 Era um homem de abraço paterno, amoroso e protetor;
13 Um homem que sabia viver o sacerdócio e fazer as coisas que gostava sem deixar de honrar o compromisso;
14 Foi um homem que soube ser grato pelas pessoas, por aquilo que possuía e tinha a sua disposição;
15 Valorizava as pequenas coisas e a cada um como se fosse a coisa mais importante do mundo.
“Meus desassossegos sentam na varanda pra matear saudades nesta solidão.
Cada pôr de sol dói feito uma brasa queimando lembranças no meu coração”

Obrigado Pe. Eduardo Pegoraro!

quarta-feira, 17 de junho de 2015

Questões do tempo...

Tem dias que parece que tudo é um peso. Quando acontece uma tragédia na nossa vida, tudo muda, repentinamente. O curioso é que, mesmo que eu ache isso muito cruel e burro, faço questão de recordar aquilo que perdi em tudo o que eu faço.


É curioso saber que, por uma estúpida questão, chamada tempo, eu deixei de fazer tantas coisas...! Deixei de dar aquele abraço... Deixei de dizer o que eu precisava dizer e que me planejei falar por muito tempo. Deixei de comemorar junto. Deixei de ser educado... Tudo porque eu sempre confiei que, com o passar do tempo eu saberia como dizer, e não teria problema o quando eu fosse dizer, contando que eu dissesse, fizesse ou compensasse com muito mais carinho do que eu deixei de dar.

O tempo providenciaria o melhor momento. Sim, porque eu fiquei esperando o melhor momento para dizer, fazer e tudo o mais. Aí, quando a pessoa se foi... não levada por um câncer, por acidente de trânsito ou uma tragédia da natureza. Nem por um descuido ou um acidente de trabalho. Mas quando ela foi levada, simplesmente levada... dói. Não apenas “doeu”, porque ainda dói. Dói, porque eu tenho a certeza de que aquele momento que eu sempre esperei para dizer e fazer nunca mais chegará.

E ele não chegará porque ele já foi embora. Eu os tive, sempre, em qualquer momento eu pude dizer “Obrigado pelo teu cuidado comigo”, ou “Me desculpe pelas minhas burradas, minhas estupidas atitudes de um adolescente mimado e egoísta... ignorante!” e então dar uma olhada debaixo para cima, receoso da reação que, por mias apreensivo que eu estivesse, sei que seria de amor. Ou então me sentir abrigado, totalmente protegido de um mundo todo cruel, em um abraço que parece que nunca vai acabar, porque ele parece imortal.

Quanta estupidez! Quanta tolice, idiotice! Eu deveria, sim, ter cuidado mais desse tesouro. Eu deveria ter amado mais esse tesouro. Eu deveria ter dado o verdadeiro valor para esse tesouro. Jamais ter reclamado das chamadas veementes, ou das vezes que cobrou um jogo de futebol de minha parte.

É. Ele morreu... pior, ele foi assassinado! Então, não bastasse a horrível dor da perda, vem a frustrante forma que levou ele. Um tiro. Um objeto de uns poucos centímetros que destruiu um homem de quase dois metros, de cento e poucos quilos, de uma força e vitalidade características de quem é feliz. De quem gosta de viver. E assim ele foi morto. Por um tiro a sangue frio, covarde! De alguém que teve medo de deixar de ser amado... tirou-nos um grande amor... um amor de pai.

Sinto, antecipadamente, a dor da orfandade. A sensação de estar sem chão, como se num espaço sideral, sem qualquer tubo de oxigênio, ou esperança de pisar firme outra vez.

Mas sei que aos poucos o chão vai firmando novamente. É claro, boa parte desta estrada está esburacada... importantes pontos de apoio em minha pista foram arrancados. Mas ainda existem outros, também importantes. E os que faltam me farão valorizar os que ainda existem? Espero que sim.

Obrigado padre Eduardo Pegoraro. Obrigado, porque você foi um pai em minha vida, você me animou, me valorizou, cobrou de mim, sorriu comigo, me fez sorrir, me deixou angustiado, angustiou-se comigo, alegrou-se por mim, e também sentiu-se ferido por tantos erros meus. Mas sempre sendo um amparo. Um homem de Deus, que soube plantar uma semente de amor em mais um coração.

Eu espero conseguir fazer esta planta crescer, florescer, dar frutos s sementes, e que se espalhem em vários corações... Exatamente como aconteceu com você.

Eternamente eu te direi: MUITO OBRIGADO, MEU PAIZINHO!!!

quinta-feira, 4 de junho de 2015

Retorno!


Quando ficamos sabendo do assassinato do padre Eduardo Pegoraro, muitas coisas vieram a mente de cada um. Uma das memórias que me veio a mente, em meio a tantas outras (porque foi um turbilhão) tratava do esforço do padre Eduardo em seu apoio ao nosso blog. Foi ele quem nos apoiou, desde 2012, quando foi iniciado este projeto.
   Ficou, então, a ideia de que, dentre outras coisas, uma das minhas quase obrigações, é levar a diante algo que ele também quis! O blog é resultado de uma construção conjunta e muito bonita! Não podemos desistir dele, como vínhamos fazendo (ele estava prestes a ser excluído), simplesmente porque ele toma tempo e exige de nós. Pelo contrário, deve ser algo que nos impulsione a agir, a sermos corajosos!
Estamos de luto, ainda!
   Uma das grandes e louváveis características do padre Eduardo era a de que "combinado é combinado!", portanto eu devo levar a diante. Combinamos evangelizar, animar vocações por meio desse blog. E vamos cumprir com o combinado!
   Padre Eduardo! Você se foi, mas a sua obra continuará dentro de nossas possibilidades, pois nossa vontade é imensa!
Descanse em paz!
Nós te amamos como filhos.

Desassossegos

Esta é uma das músicas que o padre Eduardo Pegoraro mais gostava.
Em breve publicaremos um material todo especial sobre o nosso querido padre.