quarta-feira, 17 de junho de 2015

Questões do tempo...

Tem dias que parece que tudo é um peso. Quando acontece uma tragédia na nossa vida, tudo muda, repentinamente. O curioso é que, mesmo que eu ache isso muito cruel e burro, faço questão de recordar aquilo que perdi em tudo o que eu faço.


É curioso saber que, por uma estúpida questão, chamada tempo, eu deixei de fazer tantas coisas...! Deixei de dar aquele abraço... Deixei de dizer o que eu precisava dizer e que me planejei falar por muito tempo. Deixei de comemorar junto. Deixei de ser educado... Tudo porque eu sempre confiei que, com o passar do tempo eu saberia como dizer, e não teria problema o quando eu fosse dizer, contando que eu dissesse, fizesse ou compensasse com muito mais carinho do que eu deixei de dar.

O tempo providenciaria o melhor momento. Sim, porque eu fiquei esperando o melhor momento para dizer, fazer e tudo o mais. Aí, quando a pessoa se foi... não levada por um câncer, por acidente de trânsito ou uma tragédia da natureza. Nem por um descuido ou um acidente de trabalho. Mas quando ela foi levada, simplesmente levada... dói. Não apenas “doeu”, porque ainda dói. Dói, porque eu tenho a certeza de que aquele momento que eu sempre esperei para dizer e fazer nunca mais chegará.

E ele não chegará porque ele já foi embora. Eu os tive, sempre, em qualquer momento eu pude dizer “Obrigado pelo teu cuidado comigo”, ou “Me desculpe pelas minhas burradas, minhas estupidas atitudes de um adolescente mimado e egoísta... ignorante!” e então dar uma olhada debaixo para cima, receoso da reação que, por mias apreensivo que eu estivesse, sei que seria de amor. Ou então me sentir abrigado, totalmente protegido de um mundo todo cruel, em um abraço que parece que nunca vai acabar, porque ele parece imortal.

Quanta estupidez! Quanta tolice, idiotice! Eu deveria, sim, ter cuidado mais desse tesouro. Eu deveria ter amado mais esse tesouro. Eu deveria ter dado o verdadeiro valor para esse tesouro. Jamais ter reclamado das chamadas veementes, ou das vezes que cobrou um jogo de futebol de minha parte.

É. Ele morreu... pior, ele foi assassinado! Então, não bastasse a horrível dor da perda, vem a frustrante forma que levou ele. Um tiro. Um objeto de uns poucos centímetros que destruiu um homem de quase dois metros, de cento e poucos quilos, de uma força e vitalidade características de quem é feliz. De quem gosta de viver. E assim ele foi morto. Por um tiro a sangue frio, covarde! De alguém que teve medo de deixar de ser amado... tirou-nos um grande amor... um amor de pai.

Sinto, antecipadamente, a dor da orfandade. A sensação de estar sem chão, como se num espaço sideral, sem qualquer tubo de oxigênio, ou esperança de pisar firme outra vez.

Mas sei que aos poucos o chão vai firmando novamente. É claro, boa parte desta estrada está esburacada... importantes pontos de apoio em minha pista foram arrancados. Mas ainda existem outros, também importantes. E os que faltam me farão valorizar os que ainda existem? Espero que sim.

Obrigado padre Eduardo Pegoraro. Obrigado, porque você foi um pai em minha vida, você me animou, me valorizou, cobrou de mim, sorriu comigo, me fez sorrir, me deixou angustiado, angustiou-se comigo, alegrou-se por mim, e também sentiu-se ferido por tantos erros meus. Mas sempre sendo um amparo. Um homem de Deus, que soube plantar uma semente de amor em mais um coração.

Eu espero conseguir fazer esta planta crescer, florescer, dar frutos s sementes, e que se espalhem em vários corações... Exatamente como aconteceu com você.

Eternamente eu te direi: MUITO OBRIGADO, MEU PAIZINHO!!!

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