sexta-feira, 10 de maio de 2013

GRANJA MODELO



O cônego Bento, era uma pessoa alegre, dedicada aos alunos do colégio e à granja do seminário, no tempo que lhe restava.
         Essa sempre tinha uma produção acima da média das granjas da região. Mesmo sendo padre, com a missão de formar alunos seminaristas, e ajudar na comunidade paroquial de Tapera, ele se dedicava à criação e à plantação. Não é necessário dizer de sua competência nesse campo, pois os resultados de seu trabalho podiam ser medidos, com facilidade, na boa colheita anual.
         Tudo isso causava inveja nos produtores da região, que se julgavam mais competentes que o simples padre do seminário. Às vezes, era até provocado ironicamente, mas ele sabia permanecer calado, na hora certa.
         Havia, por parte da Cooperativa Agrícola, muitos incentivos à agricultura. Eram promoções diversas, visando ao aumento da produtividade. Cônego Bento participava de tudo. Não faltava às assembleias dos sócios e se deixava aconselhar por técnicos competentes.
         Num destes encontros, cônego Bento foi distinguido com o reconhecimento de “Granja Modelo” do município. Ora, isso somente causaria mais inveja por parte de quem não podia entender essa concorrência.
         Depois de expostos todos os motivos da escolha, ressaltando a adubação correta, com a análise do solo, a rotação das culturas, o uso do calcário, o plantio direto, um gaiato, pensando ter descoberto a verdadeira causa de todo esse sucesso, e que não fora listado no documento oficial, assim interveio: “Para mim, a causa deste título, é que ele tem sociedade com Deus”.
         Ao que o cônego Bento, sabendo que Deus confiou ao homem a transformação deste mundo, numa observação que deixou a todos pensativos, respondeu prontamente: “Vocês deveriam ter visto a lavoura antes, quando era só dele!”
(BARTH, Adalíbio – Histórias de Amor e Vida.
Erechim-RS, Gráfica e Editora São Cristóvão, 2011)

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