domingo, 14 de julho de 2013

Minha vocação na Igreja é o amor!


Minha vocação na Igreja é o amor!


CARDEAL D. EUSÉBIO OSCAR SCHEID
Arcebispo da Arquidiocese do Rio de Janeiro


"Bendito seja o Senhor que, em seu eterno amor por nós, distribuiu os seus preciosos dons entre os seus filhos e filhas, para que, assim, o servíssemos e o adorássemos.
Deus é onipotente e a sua ciência tudo abarca. Em seu plano de amor, Ele vê a nossa alegria e a nossa felicidade. Mas a nossa alegria só será verdadeira, se brotar do Coração de Deus e nos fizer retornar para o Senhor.
Fala-se, com muita insistência, em realização na vida profissional, financeira e afetiva, esquecendo-se que, em si mesmas, essas coisas nada trazem às pessoas, a não ser um desejo mais intenso de se realizar em algo que, verdadeiramente, possa preencher o coração do homem, algo que ultrapasse tempo, lugar, coisas e, até, pessoas.
Enquanto esteve aprisionado “por causa de Cristo, por amor à Igreja” (Ef 3,1) e “pela causa do Senhor” (Ef 4,1), São Paulo compreendeu que a verdadeira realização não consiste nas coisas secundárias dessa vida e que, mesmo com a falta de tudo, o plano divino, realizado em nossas vidas, leva-nos àquela felicidade que ninguém pode arrancar de nossos corações. Por isso, diz: “Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos abençoou com toda a sorte de bênçãos espirituais, nos céus, em Cristo. Nele ele nos escolheu, antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis diante dele no amor” (Ef 1, 3-4).
A vocação de cada cristão nasce da mais profunda intimidade do Pai, se concretiza, necessariamente, na vida da Igreja e se projeta, com as demais realidades do dia-a-dia, para as realidades últimas e para a experiência definitiva, no âmbito da graça de Deus.
O Princípio e o fim de qualquer vocação é o amor. Deste modo, o amor a Deus e aos irmãos, conforme nos foi ensinado por Cristo, torna-se o princípio e o fim de toda realização concreta. O “segredo” para ser feliz e para se realizar consiste em amar a quem primeiro nos amou, sem exigir de nós nada em troca. Deste modo, o amor de Deus, em nós, se transforma em dom, doação, entrega e sacrifício. E “o amor de Deus foi derramado, em nossos corações, pelo Espírito Santo que nos foi dado” (Rm 5,5). Não temos forças para reter esse amor de Deus. Não podemos querer ser mais amados do que já somos, nem podemos pensar que amaremos mais a alguém do que Deus o ama. Mas, o amor de Deus, em nós, nos faz amar com dignidade e integridade.
Santa Teresinha do Menino Jesus, a jovem de Lisieux, nos recorda a maravilhosa ação do amor de Deus em nós: “Minha vocação na Igreja é o amor”.
Definitivamente, não se realiza quem não ama com o amor de Deus. Não descobre sua vocação quem não descobriu o amor. Não será feliz quem pensa só em si e deixa de lado as preciosas atitudes de generosidade, gratidão e amor a Deus e ao próximo.
Pelo contrário, enxerga, com clareza, onde está a sua vocação (no ministério sacerdotal, no matrimônio, na vida consagrada...) quem ama o Senhor e tudo o que ele nos dá. O amor de Deus, em nós, vai “desvendando” os caminhos que devemos percorrer para que os desígnios divinos se cumpram. O amor de Deus, em nós, firma os claudicantes e nos faz superar as dificuldades que, normalmente, encontramos no período mais intenso de discernimento vocacional. O amor de Deus, em nós, capacita-nos a sermos fiéis e justos.
As pessoas deveriam perguntar a si mesmas: “Para onde sou impulsionado pelo amor de Deus? Para onde vejo o amor de Deus me levar? Onde poderei me tornar “dom” nas mãos de Deus? São perguntas fáceis de fazer, mas muito complexas de serem respondidas. Porém, seguramente, a sua vocação vai por esse caminho, nessa direção.
Não será feliz, portanto, quem quiser direcionar o amor que recebeu para onde ele não pode ir. Deste modo, uma decisão errada na vocação pode trazer muita infelicidade. O adultério é sempre uma infelicidade. Não é feliz quem se aventura em amores superficiais e medíocres. Nunca será feliz quem se debruça em falsas paixões e pseudo-entregas. A exigência da verdadeira felicidade é o amor verdadeiro, o amor purificado pelo Amor Pessoal de Deus.
Ora, a qualidade do nosso amor é a qualidade da nossa doação e a qualidade da nossa realização.
São João, Apóstolo amado, experimentou a qualidade desse amor, não só pelas atitudes e palavras que testemunhou do Mestre ou pelo calor do contacto diário com Cristo, mas também pela proximidade daquele momento insuperável na História da Humanidade, quando o Amor se derramou, completamente, na Cruz. Em sua primeira Epístola, diz: “Não ameis o mundo, nem o que há no mundo. Se alguém ama o mundo, não está nele o amor do Pai” (1Jo 2,15). E também: “Amemo-nos uns aos outros, pois o amor vem de Deus e todo aquele que ama nasceu de Deus e conhece a Deus” (1Jo 4,7).
Sem exceção, todos somos chamados a ser santos; no amor, a santidade se realizará. Cada qual tem uma vocação específica, através da qual glorifica a Deus e santifica a Igreja; no amor, a glória de Deus e a comunhão com a Igreja indicam-nos o caminho da felicidade e da realização. A doação de cada pessoa àquilo que faz constrói um mundo melhor, mais justo e mais solidário; o mundo encontrará a paz que tanto deseja se os homens descobrirem a força desse amor que nos impele, que nos purifica e nos leva à busca do bem.
“O amor: eis a minha vocação!” O amor é paciente e bom, a vocação não permite inveja, nem ostentação. O amor não se incha de orgulho, a vocação não admite interesses próprios. O amor não se irrita, a vocação não aceita rancor... A amor jamais acabará! Só um vocacionado “realizado” pode ir até onde vai o amor: ao termo final de nossa fidelidade ao AMOR eterno." Extraído de (http://amaivos.uol.com.br/amaivos09/noticia/ noticia.asp?cod_noticia=9035&cod_canal=45) em 12 de julho de 2013.

Dom Eusébio, suas palavras são expressivamente verdadeiras, pois, galgadas nas verdades Bíblicas tornam-se fonte para enriquecer o coração dos adultos e jovens que buscam com muita sede o Reino de Deus.

Postado por Saulo Tonini
12 de julho de 2013

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